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Palestra sobre a ditadura civil-militar abre o projeto "São José em Movimento"

EXTENSÃO Data de Publicação: 17 set 2018 18:39 Data de Atualização: 18 set 2018 01:35
Começaram na segunda (17) as atividades do projeto de extensão "São José em Movimento", realizado no câmpus do IFSC na cidade. Por meio de palestras e roda de conversa gratuitas e abertas ao público, os 30 anos da Constituição Federal, celebrados em 2018, são lembrados no projeto. Na abertura, a professora de sociologia Sabrina Schultz ministrou palestra com o tema "A ditadura civil-militar no Brasil e seus reflexos na atualidade".
 
Sabrina, que é socióloga e mestra em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e estuda o período do regime militar no Brasil desde 2005, falou sobre o contexto em que se deu o golpe de 1º de abril de 1964, no qual o presidente João Goulart foi deposto pelos militares. Segundo ela, estavam em disputa dois modelos econômicos capitalistas, um voltado para o nacional-desenvolvimentismo e outro mais aberto internacionalmente e às multinacionais. A Guerra Fria, com a polarização entre as potências internacionais União Soviética e Estados Unidos e seus modelos de sociedade (socialista e capitalista, respectivamente), e as reformas de base promovidas por Goulart contribuíram para a tomada do poder pelos militares - movimento que ocorreu também em outras países da América Latina. "Todos os países do Cone Sul sofreram golpes de estado, articulados dentro de uma proposta macrossocial", comentou Sabrina.
 
Ao longo dos 21 anos em que governaram o Brasil (1964-85), contou a professora, os militares concentraram o poder no Executivo, chegando a fechar o Congresso e depois esvaziando-o com o sistema bipartidário (com a governista Arena e o MDB, que exercia oposição "permitida" pelo regime) e, em alguns momentos, substituíram a Constituição pelos Atos Institucionais, que restringiram direitos políticos. A censura da academia e da imprensa foi outra marca do período. "Quando havia conteúdo censurado e não dava mais tempo de substituí-lo no jornal, era como que fosse substituído por uma receita de bolo ou uma historinha qualquer", relata. "Por causa da censura, a gente não sabe de todos os casos de corrupção da época."
 
Sabrina abordou, ainda, a repressão e a perseguição a pessoas consideradas inimigas do regime, principalmente líderes de movimentos sociais, sindicais e estudantis. Muitos tiveram seus direitos políticos cassados - inclusive os ex-presidentes Jânio Quadros, João Goulart e Juscelino Kubitschek -, foram presos, torturados e mortos pelo Estado brasileiro. A professora apresentou alguns casos de pessoas presas, torturadas e mortas pelo governo e alguns dos instrumentos de tortura utilizados, como o pau-de-arara, a cadeira-do-dragão e a palmatória, entre outros. 
 
Apoio dos civis e aspectos atuais
 
Apesar do protagonismo dos militares no período - todos os presidentes de 1964 a 1985 eram militares -, Sabrina chama a ditadura de "civil-militar" por causa do apoio que ela recebeu de vários segmentos da sociedade: empresários, imprensa, setores da Igreja Católica e governo dos Estados Unidos tiveram papel importante na deposição de João Goulart, de acordo com a pesquisadora. "Ela [a ditadura] não foi só militar. Foi também articulada e apoiada por civis", afirmou.
 
Sobre a repercussão do regime militar na atualidade, a professora comentou que ainda há dificuldade de acesso aos documentos da época, classificados como "secretos". "Os arquivos internacionais, de outros países, ajudam a nós, brasileiros, a reconstruir nossa história, porque o nosso Estado não permite acesso", diz. Um dos resultados disso, na visão de Sabrina, é o esquecimento sobre o período institucionalizado pelo Estado. Outros são o desconhecimento e a deturpação sobre o que ocorreu na época por parte da população. "A visão que venceu é a que relaciona a oposição ao comunismo, quando, na verdade, havia pluralidade de esquerdas naquele momento", lembra.
 
Atividades continuam neste terça (18)
 
O projeto "São José em Movimento" tem mais duas atividades gratuitas e abertas ao público nesta terça, 18 de setembro. Às 15h40, ocorre a palestra "Os impactos da reforma trabalhista para a juventude", no auditório do Câmpus São José. A ministrante é a cientista social Kelem Rosso, que é mestra e doutoranda em Sociologia. Kelem também participa da roda de conversa "A Reforma Trabalhista e seus reflexos na classe trabalhadora", às 19h, também no auditório.
 
Coordenadora do projeto, a professora de sociologia do câmpus Ana Carolina Caridá conta que a ideia do "São José em Movimento" é refletir sobre o que é viver em democracia, e o período eleitoral é um momento propício para isso.
 
Para mais informações, acesse o site do Câmpus São José.
 
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