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Pesquisa sobre Massa da Promessa é divulgada pela Unesco em Encontro Mundial de Cidades Criativas

CÂMPUS FLORIANÓPOLIS-CONTINENTE Data de Publicação: 26 jun 2018 11:26 Data de Atualização: 26 jun 2018 11:47

Promessa é o compromisso de se fazer algo. Na religião cristã, quando um devoto faz uma promessa a determinado santo, ele normalmente pede por alguma benção, seja espiritual ou física. Em troca, se compromete a retribuir. E aqui, seguindo uma tradição, surge a Massa Promessa, também conhecida como “massinha do Divino”, “pão da Promessa” ou “pão do Divino”.

A manifestação de fé da cultura local – Massa Promessa - atualmente não constitui-se apenas de um pão ou de uma tradição religiosa, mas de objeto de pesquisa por parte do Núcleo de Estudos em Patrimônio, Gastronomia e Cultura. O trabalho desenvolvido pelo grupo de professores do Câmpus Florianópolis-Continente foi divulgado na revista da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), durante o encontro mundial das Cidades Criativas, que ocorreu na Cracóvia(Polônia), de 11 a 15 de junho. 

Segundo a professora Anita de Gusmão Ronchetti, a pesquisa sobre a Massa da Promessa acontece desde 2014. “Queremos manter a gastronomia de Florianópolis, dos nativos, viva. Além de ser um delicioso pão, possui saberes e fazeres tradicionais que fazem parte da cultura local”, ressalta ela. A coordenadora do grupo de estudos, professora Silvana Müller acredita que mostrar a gastronomia local e os patrimônios culturais e imateriais ajudarão Florianópolis a manter o título de Cidade Criativa. “Nosso papel como grupo de pesquisa é estar fundamentando e mostrando para a comunidade local e mundial o que é nosso”, destaca Silvana. Somente Belém do Pará, além da capital catarinense, são consideradas Cidades Criativas, na área de Gastronomia, em termos de Brasil. 

A pesquisa foi elaborada pelo Núcleo de Estudos Patrimônio, Gastronomia e Cultura do grupo de pesquisa Patrimônio, Cultural e Imaterial, sob a coordenação da professora Silvana Graudenz Muller, que conta ainda com as docentes Mariana Martelli e Anita de Gusmão Ronchetti.

A pesquisa

Um pão. Massa adocicada e enriquecida, temperada com especiarias como cravo, canela e erva doce. Tradicionalmente, é feita durante o período que compreende as celebrações ao Divino Espírito Santo, que não ocorrem em data fixa, mas sim no dia de Pentecostes, ou seja, 50 dias após o domingo de Páscoa. Como símbolo da festa, para cada promessa (pedido), obedece a um formato: pés, cabeça, seios, corpo inteiro, braços e até animais são motivos de oferta. 

Estes pães são oferecidos ao Divino Espírito Santo como pagamento de promessa e, depois de serem benzidos pelo padre, são arrematados. Conforme dados coletados na pesquisa de campo, o início do ritual de preparo da massa de pão foi um incentivo da Igreja, já que os fiéis, muitas vezes, não conseguiam pagar pelas promessas com outros bens materiais. 

Segundo a pesquisa, as modificações feitas na massa da promessa já descaracterizaram o pão original, causando perda dos saberes e fazeres, e consequentemente dispersão do conhecimento como forma de manutenção da identidade cultural. 

A receita

Os ingredientes, segundo uma receita recolhida em Limeira, interior do município de Camboriú, em 1995, são um ovo, meia xícara de açúcar, uma colher de manteiga, uma colher de banha de porco, uma colher de fermento de pão, meia xícara de água morna e farinha de trigo. Então, juntam-se os ingredientes, acrescentando a farinha de trigo até a massa adquirir consistência. 

A seguir, ela deve ser bem sovada, e após ser esticada com o rolo de macarrão e faz-se com a faca o recorte da figura conforme a promessa. Deixa-se crescer e, então, leva-se ao forno para cozer. 

De acordo com relatos de imigrantes açorianos, da receita mais antiga constava a utilização do fermento natural, sendo a batata, fonte de microrganismos, além da utilização de água, farinha de trigo e banha de porco. Além disso, a quantidade de ovos na receita era bem farta, e a massa era aromatizada com erva-doce, o que muito a diferenciava das receitas hoje produzidas em Florianópolis, mais comumente em padarias. 

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