A experiência de estar longe de casa

BLOG DOS INTERCAMBISTAS Data de Publicação: 15 abr 2025 08:30 Data de Atualização: 15 abr 2025 08:30

Para muitos estudantes, o intercâmbio traz as primeiras experiências de viagem e de viver longe da família. Esse foi o caso da Maria Luiza Pereira, estudante do Câmpus Urupema, do curso de bacharelado em Engenharia de Alimentos. Maria é participante do programa de intercâmbio do IFSC, o Propicie, e está atualmente na cidade de Beja, em Portugal, onde participa de um projeto de pesquisa no Instituto Politécnico de Beja (IPBeja).

Pela primeira vez longe de casa, ela enviou para nós um relato contando sobre como tem sido sua rotina e quais são as dificuldades de estar em intercâmbio fora do país. Veja o relato completo da Maria Luiza:
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Me chamo Maria Luiza Pereira, tenho 23 anos, e é a primeira vez que viajo para fora do Brasil. Acredito que o fato da língua mãe também ser o português tenha facilitado minha adaptação aqui em Portugal. Todavia, algumas palavras são bem diferentes das brasileiras e muitas vezes necessito falar inglês para me comunicar com outros estudantes, principalmente do programa Erasmus, já que outras meninas da França, República Checa e Bélgica trabalham comigo no laboratório.

Desde antes de vir a Portugal, me comunico com outros estudantes do Brasil que vieram comigo no mesmo voo: Ana Beatriz, Lucas, Lorenzo e Victor. Acredito que não ter vindo sozinha tenha me dado mais segurança em enfrentar situações que eu nunca tinha vivido. Sem dúvidas, a presença e amizade deles aqui tem deixado essa experiência mais leve pois temos uns aos outros, como uma família. Também conheci a Karina, que estudava no IFSC Lages e é de uma cidade próxima da minha no Brasil. Com certeza a amizade e dicas dela estão sendo também muito válidas para mim.

Minha primeira semana aqui em Beja foi um pouco difícil, acredito que por causa da adaptação. Eu nunca havia saído de casa e ficado tão longe e por tanto tempo distante da minha família e em um lugar com pessoas que eu nunca havia visto antes. O tempo estava bem chuvoso e muito frio, não pude sair para conhecer a cidade e eu ainda estava muito perdida nela. Hoje, com três semanas aqui, já me considero bem mais adaptada e familiarizada com tudo.

A comunicação com a minha orientadora do IPBeja foi muito fácil desde as trocas de email enquanto eu ainda estava no Brasil. Aqui trabalho auxiliando a Daniela, doutoranda do curso de engenharia alimentar. Estou acompanhando ela no seu trabalho, fazendo pães e logo que terminarmos ela me auxiliará no meu projeto, pois será necessário fazermos algumas análises que envolvem conhecimentos de uma matéria que ainda não fiz no Brasil. Desenvolveremos crackers (biscoitos tipo água e sal) com farinha do bagaço de uva, que é muito desperdiçada aqui devido ao alto índice de produção de vinhos. Esse bagaço é extremamente rico em antioxidantes e muito benéfico à saúde. Gostei muito do tema do meu projeto e tenho certeza de que resultará em um belo trabalho.

A cada dia que passa aqui em Beja, sinto que, além do aumento de bagagem científica, estou me desenvolvendo muito como pessoa. Estou aprendendo a ter mais maturidade, responsabilidade financeira e aprendendo a apreciar novas culturas. Eu moro em uma residência do próprio IPBEJA, para a qual eu me candidatei e consegui vaga no alojamento enquanto ainda estava no Brasil. Aqui divido o quarto com a Carolina, uma mulher de Guiné Bissau e me dei muito bem com ela, que é sempre solícita e disposta a me ajudar. No prédio em que moro, divido também a cozinha e o banheiro com outras mulheres.

A experiência por enquanto tem sido relativamente tranquila, apesar de muito diferente do que eu estava acostumada no Brasil. Geralmente almoço no próprio instituto e janto em casa. Como eu e Ana moramos no mesmo andar, dividimos as compras e geralmente cozinhamos juntas. As poucas vezes que comemos em restaurantes aqui, percebemos que não utilizam tanto tempero quanto no Brasil e incrivelmente até quando vamos cozinhar algum prato que costumávamos fazer no Brasil, não fica o mesmo sabor!

Minha rotina é basicamente ir para o Instituto acompanhar a Daniela e a Professora Olga até eu começar a desenvolver meu produto. Depois eu vou à academia, me matriculei em uma assim que cheguei, e isso tem me ajudado muito a ocupar minha cabeça, o exercício me faz muito bem. Em casa procuro sempre ficar lendo artigos e estudando para o projeto.

A reação da minha família quando revelei que viria participar de um intercâmbio em Portugal foi muito positiva. Apesar do medo e preocupação, meus pais sempre me apoiaram e me incentivaram. Nós nos falamos todo dia e com bastante frequência pelo whatsapp e, além disso, umas 4x na semana por vídeo chamada. Outra coisa que pude perceber é que, por mais que esse projeto pessoal esteja sendo muito importante para mim, é inevitável sentir saudade da rotina que eu tinha no Brasil e, principalmente, da minha família e amigos. Com toda certeza algum dia pretendo trazê-los para conhecer a Europa, que é encantadora.

Se pudesse dar um conselho aos alunos que pensam em fazer o intercâmbio, aconselho que só façam! É uma experiência única, em todos os âmbitos, e somente quem já fez sabe o que é viver esse momento. São inúmeros benefícios que agregarão à sua vida, o início, assim como em qualquer mudança de rotina, não é fácil, mas a adaptação vem e você dará muito valor ao que está vivendo!

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