EXTENSÃO Data de Publicação: 13 jun 2025 12:54 Data de Atualização: 13 jun 2025 13:06
Por que um pequeno aumento no preço da carne impacta mais no valor total da cesta básica do que uma grande variação no preço de outro produto, como a batata, por exemplo? Diante da alta dos preços dos alimentos, esta foi a motivação do trabalho “Análise da representatividade dos itens da cesta básica, em Canoinhas-SC, ao longo de 2024”, do curso técnico integrado em Alimentos do Câmpus Canoinhas.
A pesquisa desenvolvida pelas alunas Gabriele Temoteo dos Santos e Mirelli Lúcia de Souza e Silva, sob coordenação dos professores Jefferson Treml e Luiz Paulo de Lima, ficou em segundo lugar na categoria Pesquisa e inovação em Ciência, Tecnologia e Engenharia de Alimentos - Formato Vídeo, no 3º Simpósio Catarinense do Campo à Mesa, realizado entre 19 e 22 de maio, no Câmpus Canoinhas.
“Os aumentos dos produtos não acontecem por acaso. São resultados de uma série de fatores combinados, como custo da produção, transporte, clima e disponibilidade dos produtos na região. E isso impacta na cesta básica, fazendo com que muitas famílias precisem mudar hábitos de consumo, como substituição de marcas, redução de consumo de alguns itens e preferência por produtos das promoções”, explicam as alunas.
O projeto
A partir da coleta mensal de preço dos treze itens da cesta básica, elas calcularam a média dos preços praticados no ano passado e a representatividade de cada um no total da cesta básica. Entre os produtos, a carne (37,71%) e o pão francês (10,67%) respondem quase metade do valor da cesta. Do outro lado, os produtos com menor representatividade são o óleo (0,97%) e a farinha (1,04%).
A pesquisa foi realizada todos os meses em seis supermercados de Canoinhas, com três marcas diferentes de cada item. Os produtos integrantes da cesta básica são carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão, café em pó, frutas, açúcar, óleo (gordura) e manteiga.
Conforme as alunas, a batata foi o produto que apresentou maior alta de preço (30,65%) ao longo do ano passado, mas sua representatividade diminuiu 3,65% no valor total da cesta básica. Em compensação, a carne, que teve variação de apenas 5,83%, foi o item com maior incremento de representatividade no valor da cesta, de 5,44%.
“Como a carne é o item com maior representatividade, consequentemente, também é a que tem maior potencial de influenciar o valor da cesta. E o conhecimento destas informações é importante, porque os dados indicam o impacto que as oscilações de preços, principalmente dos itens de maior representatividade, podem causar no valor da cesta e no orçamento familiar”, destacam Gabriele e Mirelli.
Protagonismo discente
Para os professores Jefferson Treml e Luiz Paulo de Lima, o protagonismo das estudantes, a qualidade das pesquisas e o empenho de toda equipe justificam o reconhecimento do trabalho no Simpósio Catarinense do Campo à Mesa. “Receber esta premiação é uma grande honra para nós, especialmente por estar vinculada a um projeto tão conectado com o nosso entorno: a pesquisa sobre a inflação da cesta básica. Esperamos que este prêmio sirva de estímulo para que nossas alunas possam alçar voos ainda mais altos e que nós, enquanto câmpus, tenhamos cada vez mais estudantes envolvidos em pesquisa, com trabalhos reconhecidos e premiados.”
O trabalho apresentado no simpósio é um desdobramento do projeto “Acompanhamento da inflação da cesta básica em Canoinhas-SC”, desenvolvido há três anos pelos cursos de Alimentos do Câmpus Canoinhas. Desde maio de 2022, o projeto coleta informações semanais dos preços dos itens da cesta básica em seis supermercados da cidade.
Depois, os dados são analisados para formação das estimativas do valor da cesta básica e do percentual de comprometimento do salário mínimo para aquisição da cesta básica, além do cálculo da inflação na cesta de um mês para o outro. A pesquisa usa a metodologia de coleta e análise de dados implementada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).