CÂMPUS PALHOÇA BILÍNGUE Data de Publicação: 06 ago 2020 06:38 Data de Atualização: 06 ago 2020 07:23
A pandemia da covid-19, causada pelo novo coronavírus, tem dificultado a realização de atividades físicas, uma vez que o distanciamento social é uma das estratégias usadas para tentar dificultar a disseminação do vírus, inclusive com fechamento de espaços destinados à prática de exercícios físicos. Isso pode, porém, trazer um novo problema: aumento dos índices de obesidade e deterioramento da saúde física e mental.
A relação entre a diminuição das atividades físicas, a obesidade e a saúde pública no enfrentamento da covid-19 e de futuras pandemias foi abordada em um artigo, no formato ensaio teórico, publicado na Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde que tem como uma das autoras a professora de educação física Carmem Cristina Beck, do Câmpus Palhoça Bilíngue. Assinam junto com ela o artigo “Inatividade física, obesidade e COVID-19: perspectivas entre múltiplas pandemias” Cristiano Penas Seara Pitanga, da Universidade Católica de Salvador, e Francisco José Gondim Pitanga, da Universidade Federal da Bahia.
De acordo com pesquisa encontrada pelos autores, a inatividade física é responsável por causar aproximadamente 3 milhões de mortes no mundo por ano. Há estimativa de que um terço das pessoas acima de 15 anos não cumpra a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de fazer pelo menos 150 minutos de atividade física por semana. Em quatro décadas (1975 a 2016), a prevalência mundial de obesidade praticamente triplicou e continua aumentando em países de baixa e média renda, não sendo mais um problema apenas dos países mais ricos. Em 2016, mais de 1,9 bilhão de adultos tinham sobrepeso e mais de 650 milhões eram obesos, conforme aponta o artigo.
Uma das publicações que embasaram o ensaio teórico aponta possibilidade de maior risco de infecção por vírus em obesos, como registrado durante a pandemia da H1N1 (“gripe suína”) entre 2009 e 2010. Além disso, a obesidade pode, por meio do aumento da adiposidade (acúmulo de gordura em um órgão ou tecido), “prejudicar o microambiente pulmonar com o tráfego de citocinas inflamatórias podendo contribuir para um ciclo de inflamação local e lesão secundária”, de acordo com Carmem, Cristiano e Francisco.
Benefícios
A atividade física pode ser, portanto, um importante aliado no combate à covid-19 e a futuras pandemias semelhantes. Os autores encontraram na literatura evidências de benefícios dos exercícios para os sistemas cardiometabólico e imunológico, além de melhora na saúde mental. Há relatos também de que maiores níveis de atividade física podem estar associados a redução do risco de infecção por influenza (gripe) em indivíduos com menos de 65 anos.
Os autores sugerem que sejam feitas políticas públicas de promoção de exercícios físicos mais agressivas por parte dos órgãos governamentais, já que as atualmente existentes “não estão tendo resultados satisfatórios no sentido de aumentar os níveis de atividade física da população”.
Para quem não pode sair de casa para exercitar, os autores recomendam exercícios de fortalecimento muscular (agachamentos, flexões, abdominais, entre outros) e de equilíbrio, alongamentos e subida e descida de escadas, de preferência com auxílio de procedimentos tecnológicos, como vídeos com séries de exercícios, aplicativos e orientação do profissional de educação física on-line. No caso de atividades ao ar livre, eles orientam a preferir aquelas feitas individualmente (como caminhada, corrida ou ciclismo), evitando aglomerações ou pequenos grupos e com o uso de máscaras.
Confira mais informações sobre exercícios físicos durante a pandemia nesta notícia publicada no Portal do IFSC e em textos do Blog do IFSC e do IFSC Verifica.