CÂMPUS JOINVILLE Data de Publicação: 14 out 2022 09:41 Data de Atualização: 04 nov 2022 19:07
Um projetor de vídeo, um computador e uma webcam são os equipamentos necessários para utilização de uma plataforma e dois jogos digitais para atendimento de necessidades terapêuticas do público autista, em desenvolvimento pelos câmpus de Joinville da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). A plataforma T-TEA, que projeta os jogos no chão, e os jogo RepeTEA e KarTEA foram apresentados a profissionais da educação e da saúde, no último dia 5, em reunião na Udesc. Após a validação final, plataforma e jogos serão disponibilizados gratuitamente para parceiros e instituições públicas.
Conforme os pesquisadores, os jogos auxiliam no desenvolvimento de pessoas no espectro do autismo que têm dificuldades em gerenciar estímulos e se concentrar em atividades específicas. “A tecnologia de jogos digitais pode ajudar a permitir o treinamento repetidas vezes, de forma orientada, interativa e lúdica. E isso pode ser potencializado quando o jogo digital requer movimento físico do autista, levando ao que se chama de ‘exergame sério’”, explicam.
A plataforma T-TEA utiliza visão computacional para identificar a interação do jogador com o jogo, sem a necessidade de acoplamento de sensor ou controle remoto no jogador. Os jogos são projetados no chão e o jogador deve se movimentar sobre a projeção para interagir com o jogo.
O projeto de pesquisa envolve os programas de mestrado profissional em Engenharia Elétrica (PPGPEE), mestrado acadêmico em Computação Aplicada (PPGCAP) e o curso de bacharelado em Ciência da Computação (BCC) da Udesc, em parceria com o Departamento de Engenharia Elétrica do IFSC Joinville. A equipe técnica é composta pelo professor da Udesc e coordenador do projeto Marcelo da Silva Hounsell, o professor do IFSC Joinville e mestrando na Udesc, André Bonetto Trindade, e o graduando de Ciências da Computação na Udesc, Gabriel Brunelli.
Conheça o RepeTEA exergame
Desenvolvido pelo professor André Bonetto como projeto de mestrado em Engenharia Elétrica da Udesc, o RepeTEA é um jogo sério do tipo “exergame", que necessita que o jogador realize algum tipo de esforço físico, no caso a movimentação. Ele tem como base pesquisas e projetos anteriores realizados no IFSC, como a primeira versão RepeTEA, para celulares.
Nas duas versões, o desafio é o mesmo: memorizar e repetir a sequência em que as figuras geométricas aparecem. Mas, no exergame, o usuário deve se movimentar para alcançar as figuras projetadas no chão. A repetição contribui para a memória, atenção, concentração e coordenação motora. Os níveis de dificuldade - quantidade de figuras e distância - vão aumentando conforme a evolução no jogo.
Diferente do aplicativo, disponível gratuitamente na loja virtual do Google e sem restrições de público, o novo formato é uma ferramenta auxiliar em terapias para autistas com mais de dez anos, a ser usada com acompanhamento de profissionais. Pela plataforma, o jogo vai permitir a adaptação de parâmetros e a coleta e armazenamento de dados.
Professor André lembra que o projeto seguiu orientações repassadas por especialistas em transtorno do espectro autista consultados pela equipe, como psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. No caso dos jogos sérios, os principais requisitos são: evitar situações repentinas (sustos); evitar muitos estímulos ao mesmo tempo e fundos musicais; trabalhar com objetos simples; garantir a segurança do local e do jogador; e registrar os dados e desempenho do jogador.