PESQUISA Data de Publicação: 31 jul 2025 09:00 Data de Atualização: 31 jul 2025 09:09
O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) publicou neste mês de julho o guia Orientações para Integridade Científica – Pequenos Cuidados, Grandes Resultados. Disponível no Portal do Servidor, o material é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (Proppi) e tem como objetivo fortalecer a cultura institucional de ética, transparência e responsabilidade nas atividades de pesquisa.
Resultado de discussões internas na Proppi, no Comitê Permanente de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (Coppi) e nas coordenadorias de pesquisa dos câmpus, o guia foi idealizado a partir de dúvidas recorrentes quanto à submissão de projetos, elaboração de relatórios técnicos e outras situações enfrentadas no cotidiano acadêmico. A publicação também se baseia em diretrizes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e em documentos semelhantes de outras instituições, apresentando orientações claras e acessíveis para pesquisadores da instituição na condução de seus projetos, em alinhamento com normas nacionais e internacionais.
> Acesse o guia Orientações para Integridade Científica
Segundo o professor Clóvis Antonio Petry, diretor de Pesquisa de Pós-Graduação do IFSC, apesar de já existirem diversos regulamentos técnicos, havia uma lacuna no que se refere a valores e práticas éticas. “Os diversos materiais e regulamentos relacionados com a pesquisa suprem diferentes questões como a elaboração de projetos, a prestação de contas e a publicação de resultados, mas, em geral, são direcionadas a procedimentos técnicos. Por sua vez, o guia sobre integridade científica busca orientar quanto a boas práticas e princípios relacionados com o tema”, explica.
Com base na Resolução CEPE/IFSC nº 63/2022, o guia reforça que a pesquisa na instituição deve ser conduzida com integridade, zelo pelo bem público e compromisso com a verdade científica. São destacados princípios éticos como a honestidade intelectual, a responsabilidade social, a transparência e o cuidado com o meio ambiente.
Embora todos esses pilares tenham a mesma importância, o professor Petry observa que determinados temas demandam atenção especial. “Questões relacionadas à ética em pesquisas com seres humanos ou animais, impactos ambientais, plágio e uso de inteligência artificial são pontos relevantes e importantes para serem discutidos e considerados institucionalmente no desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão”, pontua.
Instrumento formativo para novos pesquisadores
Organizado em dez capítulos, o guia aborda desde fundamentos da integridade científica até aspectos mais sensíveis, como a má conduta em projetos e publicações e o respeito às diversidades. Também orienta sobre o uso adequado de referências, o combate ao plágio, os trâmites para prestação de contas de recursos públicos e os cuidados no acesso ao patrimônio genético brasileiro.
O documento também tem um papel pedagógico importante, sobretudo para formação de novos pesquisadores. “A leitura do guia é importante para conscientizar a comunidade acadêmica sobre temas sensíveis e orientar para as boas práticas, fazendo com que pesquisadores iniciantes tenham conhecimento daquilo que se considera adequado e correto em termos institucionais e acadêmicos”, destaca Petry.
Ao lançar o material, o IFSC dá um passo estratégico para fortalecer uma cultura institucional pautada na ética e na integridade científica. Para isso, segundo Petry, é essencial promover o diálogo entre colegas e utilizar ativamente o guia em momentos formativos. “A orientação para que servidores e estudantes tenham conhecimento deste material e participem das discussões sobre o tema é fundamental”, enfatiza.
Nesse sentido, há a intenção de incorporar as orientações do guia em disciplinas acadêmicas, capacitações e eventos institucionais. “Ações como a série Diálogos Acadêmicos, bem como as formações no Sepei [Seminário de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação] e na Mostra Científica e Tecnológica do IFSC, são oportunidades para um maior envolvimento da comunidade acadêmica na discussão do tema e das práticas institucionais. Além disso, com o processo de curricularização da pesquisa, tem-se a possibilidade de abordar estes temas em unidades curriculares específicas”, completa o diretor.
Inteligência artificial: apoio, não substituição
Diante da crescente adoção de ferramentas de inteligência artificial (IA) na ciência, o guia dedica uma seção ao assunto, alertando para os riscos éticos e metodológicos envolvidos. A publicação reconhece o potencial dessas tecnologias para apoiar tarefas, como revisão ortográfica, tradução e organização de dados, mas destaca que seu uso requer cautela.
“A principal recomendação é a utilização da inteligência artificial como ferramenta auxiliar no desenvolvimento das atividades de pesquisa – desde a elaboração dos projetos, da realização das atividades e da publicação dos resultados –, mas não substituindo pesquisadores e pesquisadoras na autoria e criação das ideias e trabalhos de pesquisa. É necessário ter alguns cuidados, como, por exemplo, plágio, uso de dados de terceiros, transparência, referências inexistentes, dentre outros”, afirma Petry.
O documento também traz orientações específicas para projetos que envolvam seres humanos, animais ou o uso de patrimônio genético e conhecimento tradicional associado. Nestes casos, é obrigatória a submissão aos comitês de ética ou ao sistema SisGen, conforme a natureza da pesquisa. O não cumprimento dessas exigências pode acarretar sanções legais e comprometer a validade dos projetos.
De acordo com o professor Petry, a publicação recentemente disponibilizada representa um marco inicial, mas segue como um produto em construção. “Os materiais elaborados pela Proppi são atualizados constantemente, conforme se tem necessidade de ajustes, alteração de práticas ou fluxos institucionais – e, principalmente, a partir do diálogo com a comunidade acadêmica”, ressalta. A versão atual do documento já prevê o encaminhamento de sugestões, que podem ser enviadas ao e-mail pesquisa@ifsc.edu.br.