SNCT Data de Publicação: 17 out 2023 01:49 Data de Atualização: 17 out 2023 02:09
Uma mesa-redonda com o tema “Desenvolvimento sustentável: palavras e ações” abriu a programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) do Câmpus São José, que começou nesta segunda (16) e vai até quarta (18). O evento ocorreu no auditório do câmpus, com convidados que trataram sobre a sustentabilidade em diferentes áreas.
Primeira a falar e única a fazer sua apresentação de maneira remota por ter contraído covid-19, a engenheira de alimentos Flávia Barbosa Schappo falou sobre sustentabilidade na indústria de alimentação e apresentou o trabalho que desenvolveu durante seu mestrado. De acordo com dados trazidos por ela, a indústria de alimentos consome 30% da energia mundial e gera 22% dos gases que provocam o efeito estufa. Por isso, investir em sustentabilidade nesse ramo da economia torna-se fundamental.
A sustentabilidade na indústria de alimentos diz respeito a quatro pontos principais, segundo Flávia: aproveitamento integral dos alimentos; busca de fontes alternativas e renováveis de nutrição; adoção de práticas agrícolas sustentáveis; e uso mínimo de recursos. “Todos [governos, indústria, consumidores e pesquisadores] precisam estar preocupados com questões ambientais para podermos avançar”, comentou.
Em seu mestrado, a engenheira de alimentos trabalhou com a produção de uma membrana polimérica feita com farinha de albedo de maracujá (albedo é parte branca do maracujá) para encapsular moléculas do óleo de palma, com objetivo de manter suas propriedades e evitar sua oxidação.
Energia fotovoltaica
Pesquisadora do laboratório Fotovoltaica, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a engenheira eletricista Aline Kirsten Vidal de Oliveira apresentou dados que mostram a expansão do uso da energia solar fotovoltaica para geração de energia elétrica e o destaque que Florianópolis tem nesse setor. Na geração fotovoltaica, a luz solar é transformada em energia elétrica.
De acordo com os números trazidos pela pesquisadora, atualmente 15% da energia elétrica gerada no Brasil tem como fonte a energia solar, que é considerada uma energia limpa. Apenas a geração por meio de usinas hidrelétricas é maior no país (50% do total). E embora esteja na região brasileira com menor irradiação solar, Florianópolis é a cidade brasileira que possui hoje a maior capacidade instalada de geração de energia por fonte fotovoltaica.
Aline destacou que o Brasil tem um grande potencial para geração desse tipo de energia por possuir altos índices de irradiação solar em seu vasto território. Fazendo uma comparação com o tamanho da usina hidrelétrica de Itaipu, responsável por 20% da produção de energia elétrica no Brasil, ela afirmou que painéis fotovoltaicos espalhados pela mesma área ocupada pela usina (cerca de 1.350 quilômetros quadrados) poderiam fornecer até 80% da energia consumida no país. A energia solar fotovoltaica também pode impulsionar a produção de hidrogênio verde no Brasil, de acordo com a pesquisadora.
Apesar de ser uma fonte considerada limpa, a energia solar fotovoltaica também emite gases poluentes durante sua cadeia produtiva: em torno de 60% a 70% dessas emissões ocorrem na extração de matérias-primas e na fabricação dos módulos e componentes dos sistemas de geração de energia. Uma alternativa para reduzir o impacto desses processos, aponta Aline, seria reaproveitar os módulos na chamada “segunda vida” - ou seja, em aplicações diferentes das quais eles foram usados anteriormente.
Cooperativa e licenciamento
Ainda durante a mesa-redonda, o coordenador de Estamparia e Comercial da Cooperativa Social de Pais, Amigos e Portadores de Deficiência (Coepad), Luiz Carlos Brandes, apresentou o trabalho da instituição, que atende 33 pessoas com “deficiências intelectuais leves”, segundo definiu, o que inclui pessoas com autismo e sindrome de Down.
Os cooperados produzem papel reciclado, que é usado por eles na confecção de agendas, cadernos, blocos e envelopes, dentre outros produtos - a Coepad foi responsável pela produção de sacolas e blocos de anotações para a SNCT do Câmpus São José. A cooperativa tem sede em Florianópolis e, durante a SNCT, apresenta seus trabalhos em um estande no hall do câmpus.
Por fim, a engenheira sanitarista e ambiental Sulayre Menegotti de Oliveira, do Instituto do Meio Ambiente (IMA), explicou como funciona o processo de licenciamento ambiental executado pelo órgão, ligado ao governo de Santa Catarina e anteriormente conhecido pela sigla "Fatma". Segundo a engenheira, o licenciamento é “um mecanismo fundamental para proteger o meio ambiente”.
Durante o licenciamento, o estudo de impacto ambiental (EIA) deve apontar quais são os efeitos que o empreendimento pode causar para o meio ambiente e para sociedade e apontar as medidas para diminuir os impactos negativos. “No caso dos EIA, há consultas públicas durante o processo, o que permite à sociedade participar das discussões”, destacou.
Programação
A SNCT do Câmpus São José continua até quarta, dia 18, com programação nos três períodos. Os eventos são gratuitos e abertos à comunidade. Saiba mais no Portal do IFSC.