Pesquisa revela que dose de radiação em TC precisa ser por estrutura corporal do paciente

PESQUISA Data de Publicação: 29 jun 2023 10:16 Data de Atualização: 21 jul 2023 20:57

A Tomografia Computadorizada (TC) é um dos métodos de diagnóstico por imagem mais realizada no mundo. A dose recebida pelo paciente durante o exame pode ser estimada por meio do Índice de Dose em Tomografia Computadorizada (CTDIvol) e Produto Dose Comprimento (DLP) que independem do tamanho do paciente, ou seja, não é peculiarizada conforme estrutura corporal do mesmo. A Estimativa de Dose por Tamanho Específico (SSDE) é um parâmetro estabelecido em 2011 pela American Association of Physicists in Medicine (AAPM), que permite apenas estimar a dose de acordo com o tamanho de cada paciente. A partir dessa situação cotidiana, o aluno do Mestrado em Proteção Radiológica, Alexandre Rolim, desenvolveu sua dissertação de conclusão de curso. A pesquisa, Estimativa de dose específica por tamanho (SSDE) em exames tomográficos usando o VirtualDose CT, sob a orientação da professora Daiane Cristini, foi apresentada no International Joint Conference Radio 2022, organizado pela Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica (SBPR), e recebeu o Prêmio "Luiz Tauhata".

O objetivo desse estudo, realizado com seleção aleatória de 35 pacientes que foram realizar tomografia de abdômen, consistiu em estimar as doses recebidas decorrentes de exposições em exames de tomografia abdominal, levando em consideração os diferentes tamanhos específicos da circunferência abdominal dos pacientes. “O trabalho queria mostrar a variação da dose recebida pelos pacientes devido aos diferentes métodos de mensuração”, revela o egresso do Mestrado em Proteção Radiológica, cuja temática, a estimativa de dose, é uma das linhas de pesquisa do curso, e tem sido constantemente abordada devido à preocupação com as doses elevadas de radiação que os exames de tomografia computadorizada podem oferecer.

A estimativa de dose em órgão por meio da SSDE possui limitações. Uma delas é que a estimativa do tamanho do corpo é obtida no meio da varredura e é um método operador dependente, portanto pode não representar com precisão o diâmetro médio da região anatômica avaliada. Outra limitação é que os fatores de correção, fornecidos pela AAPM, são baseados na geometria do corpo e não nas diferentes atenuações do feixe de raios X através do paciente. Para futuros trabalhos, espera-se obter informações adicionais de peso e altura, além de um método de mensuração dos diâmetros de forma automatizada, e correlacionar estudos antropométricos. O software mostrou uma ferramenta valiosa na estimativa de dose efetiva, além de também permitir a estimativa de dose em órgãos.

Rolim concluiu que há diferenças se a dose for determinada conforme estrutura corporal. “Estimar a dose de radiação tem suas limitações devido às diferentes estruturas anatômicas dos pacientes, cada um tem seu peso (Kg), sua altura (m) e cada órgão do corpo tem sua densidade e sensibilidade a radiação. Os dados de doses inseridos no tomógrafo são baseados em modelos que imitam o corpo humano então apenas se tem uma parametrização, que visto no trabalho tem diferença quando a dose é medida realmente no corpo humano”, destaca Alexandre, que finaliza: “a pesquisa mostrou que a dose é mais fidedigna (real) quando estimada pelos exames realizados em pacientes, onde podemos passar essa realidade para ter um controle melhor dessa dose. Então se eu consigo estimar uma dose cada vez mais real conseguimos manter padrões de dose cada vez mais baixos sem alterar a qualidade do diagnóstico, e isso tanto para Radiologia quanto para o paciente se faz imensurável”.

Luiz Tauhata

Luiz Tauhata era um dos principais personagens da radioproteção brasileira e seus trabalhos no ensino e influência científica extrapolaram as fronteiras do Brasil, tendo sido reconhecido em todo o mundo.

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