EXTENSÃO Data de Publicação: 09 out 2024 18:09 Data de Atualização: 10 out 2024 10:09
Como preservar o legado cultural de uma comunidade quilombola localizada no município de Alcântara, no Maranhão? E como o design pode ser aplicado de modo a contribuir com a educação quilombola? Esses desafios estão entre as premissas do livro “Era uma vez em... Itamatatiua”, publicado em formato digital pela professora Glauba Cestari, do IFSC, e que pode ser acessado gratuitamente no site da editora do Instituto Federal do Maranhão (IFMA).
Glauba é a organizadora do e-book, que foi lançado em agosto pela editora maranhense. A obra, segundo a autora, trata da aplicação da abordagem sistêmica do design voltada para a educação quilombola e é fruto de um projeto de extensão, trazendo registros de três anos de trabalho junto à comunidade do quilombo.
A docente lembra que, nas viagens ao quilombo, ela e os demais envolvidos se depararam com um muitos conteúdos que ainda não estavam nos livros escolares. “Iniciamos um diário colaborativo, que abriu espaço para o registro das experiências com a comunidade e com a escola, na perspectiva de alcançarmos um meio de manter o legado cultural local”, destaca.
A ideia de transformar os registros num livro surgiu da observação durante as visitas ao quilombo. “Eu já desenvolvia pesquisas no quilombo de Itamatatiua desde o ano de 2012, durante mestrado. Enquanto convivia com as ceramistas do local e escutava suas narrativas sobre o passado e mudanças ocorridas no presente, sempre havia um lamento sobre o medo da cultura dos ancestrais se perder. Foi aí que começou o meu interesse, como designer, em buscar formas de contribuir. Então, levei essa reflexão para o doutorado”, conta.
O resultado foi a capacidade de levar as histórias de Itamatatiua para a educação formal das crianças. “O livro acabou resultando da tese. Apresentamos todo o processo de instrumentalização das narrativas de idosos, adultos e crianças do quilombo em vídeos e exemplos de aplicações desses em atividades elaboradas pelas professoras da escola do local. Foi um trabalho colaborativo, envolvendo a comunidade, a escola, pesquisadores e estudantes do IFMA e UFSC. Além de voluntários do campo da arte e produção audiovisual”, lembra.
No quilombo, a obra publicada pela docente do IFSC foi muito bem recebida. “A liderança ficou grata pela iniciativa e os docentes da escola quilombola satisfeitos com o resultado. E esse já é um excelente retorno! A ideia é inspirar a comunidade, em especial pesquisadores e professores, sobre a necessidade de contribuirmos para a educação igualitária de fato. Respeitando etnias e culturas diversas. Espero que o livro chegue a muitas pessoas!”, torce Glauba.
A docente é servidora do IFMA e está em cooperação no IFSC. Atualmente faz parte do quadro de pessoal do Câmpus Florianópolis, mas era professora do Câmpus Jaraguá do Sul-Centro quando o e-book foi lançado.