Projeto de extensão do Câmpus Lages visita propriedades em Curitibanos

EXTENSÃO Data de Publicação: 16 jun 2024 21:55 Data de Atualização: 21 jun 2024 13:50

Na última sexta-feira (7) uma atividade do projeto de extensão "Promoção e Fortalecimento dos Sistemas Agroflorestais Associado a Frutas Nativas na Serra Catarinense" ocorreu em Curitibanos, município do Planalto Catarinense. Foram realizadas visitas técnicas a dois projetos de agroflorestas associados a frutas nativas. O projeto de extensão faz parte do Edital Proex 02/2024 e é coordenado pelo professor Roberto Akitoshi Komatsu, da área de Ambiente e Saúde do Câmpus.

Pela manhã, ocorreu a visita na propriedade dos agricultores Fabíola Girotto e Gustavo Paniz, que atuam desde 2018 com agroflorestas. Uma Agrofloresta é um sistema de produção que copia uma floresta natural, tendo o solo coberto pela vegetação, com muitos tipos de plantas juntas, colaborando com as outras e evitando problemas com pragas e doenças e não fazendo uso de venenos. A propriedade visitada incluía madeira, grãos e espécies frutíferas. O professor Komatsu conta que, a partir dessa base, os produtores beneficiam produtos para consumo e comercialização. "De forma a agregar valor, eles processam as frutas como em forma de geleia de butiá, tarumã e guavirova (ou guabiroba), também produzem conserva e farinha de pinhão, assim como cervejas artesanais à base de frutas nativas", comenta o professor Komatsu. A propriedade, chamada de Casa de Barro, é uma unidade de produção agrícola familiar e sustentável, localizada no Assentamento 1º de Maio, em Curitibanos. Além da produção de produtos naturais e artesanais, o local realiza oficinas e demais atividades de fortalecimento da sustentabilidade e do consumo consciente.

"Para a gente foi muito legal, muito bom receber o professor Komatsu, porque a gente vem há muito tempo já trabalhando com as plantas nativas, com essa perspectiva de inclusão dela na alimentação, como um produto substituindo no caso frutas exóticas de difícil produção, além da produção de polpas, de geleia, sucos e tudo mais. É muito difícil a gente conseguir informações sobre esses produtos, sobre receitas, e nossa, ele trouxe muita coisa que nos ajudou bastante', conta Gustavo Paniz, um dos proprietários.

Para Gustavo, compartilhar o assunto é importante para mostrar a importância da Mata Atlântica. E nada melhor do que fazer isso mostrando sua forma prática, como algo que pode servir para alimentação. "E também é gratificante apresentar esse trabalho para alguém que também tem interesse nisso. A gente construiu (a propriedade) nessa perspectiva de que para a manutenção da floresta da Mata Atlântica a gente precisa passar a ver ela como uma fonte de alimentos, de insumos diversos que a gente possa obter através do manejo dessa floresta e não da derrubada dela.", comenta. Para Gustavo, com a introdução de plantas exóticas e outras que, geralmente, não se adaptam ao ambiente, acaba por necessitar de muito agrotóxico, muito veneno e muita mão-de-obra. "Foi muito gratificante a visita, foi até curta, a gente poderia passar um dia inteiro aqui trocando informações", conclui.

Já no período da tarde, a equipe do projeto, juntamente com a professora e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Campus Curitibanos, Karine Louise dos Santos, foi a vez de conhecer os projetos de avaliação de diferentes arranjos de agrofloresta, envolvendo araucária, erva-mate, ipês, uvaias, araçás, e butiás da região. "Foram experiências enriquecedoras para o projeto e para os alunos. Acredito que experienciamos coisas que temos condições de aplicar aqui no Câmpus Lages do IFSC", comenta o professor Komatsu. A professora Karine possui graduação em Agronomia pela UFSC, com mestrado e doutorado em Ciências com área de concentração em Recursos Genéticos Vegetais. Já atuou como pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Atualmente é professora nas áreas de conservação de recursos genéticos, caracterização da diversidade genética e fenotípica, etnobotânica, manejo da agrobiodiversidade, agroecologia e pesquisa participativa.

Mosquinha do IFSC

Estiveram na atividade os bolsistas Antonio Glacir Ribas Junior e Renata Nunes. Um dos bolsistas, Antônio, é da terceira fase do curso superior de Tecnologia em Gestão do Agronegócio. Ele já está em seu terceiro curso no Câmpus Lages do IFSC e promete não parar por aí. "Formei-me como Eletromecânico e também já fiz o curso de qualificação de  Mecânico de Máquinas e Implementos Agrícolas. Mas já está nos planos o mestrado. Eu fui picado pela mosquinha do IFSC e agora não consigo mais ficar longe", sorri o aluno.

Da atividade em Curitibanos o estudante conta que conseguiu aproveitar bastante e que complementou os estudos em sala de aula. "Pudemos conhecer a realidade de quem já está vivendo com aquilo e que conseguem produzir em uma pequena propriedade. Nos encheu de ânimo para seguir com o trabalho de frutas nativas e Sistemas Agroflorestais", comenta. Para ele, são atividades como essas que norteiam os alunos como futuros gestores do agronegócio. "Pois é estando em contato com quem produz e faz acontecer que conseguimos entender de que forma iremos trabalhar e alcançar os melhores resultados", finaliza. O aluno conta que no próximo dia 18 o câmpus receberá um evento e o pão de goiaba serrana já está entre as receitas acolhidas pelo estudante.
 

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