EVENTOS Data de Publicação: 23 jul 2025 13:56 Data de Atualização: 25 jul 2025 11:14
O Fórum Participativo de Extensão das Engenharias do Câmpus Florianópolis do IFSC encerrou sua primeira edição com discussões inspiradoras sobre o papel da engenharia na construção de cidades mais inteligentes, sustentáveis e socialmente comprometidas. Realizado em dois encontros, nos dias 15 e 18 de julho, o evento reuniu estudantes, professores, especialistas, representantes da indústria, do poder público e da sociedade civil, promovendo uma imersão em práticas extensionistas voltadas a temas urgentes do século 21.
Com o tema “Cidades Inteligentes e Futuros Possíveis”, o Fórum é resultado direto da curricularização da extensão por meio da unidade curricular Engenharia, Sociedade e Cidadania, que destina 50% da sua carga horária exclusivamente para atividades de extensão. Segundo a professora Márcia Lobo, o Fórum é fruto direto da atuação dos estudantes dentro da unidade curricular, que destina metade de sua carga horária à extensão: “O que a gente tem hoje é, na verdade, uma escolha dos alunos. A parte de extensão é onde os alunos analisam os problemas, as demandas, dialogam com a comunidade. O protagonismo está todo com eles, foi tudo organizado, tudo prospectado pelos alunos, pelos estudantes.”
O professor Dala Possa destacou que o evento proporcionou momentos de reflexão sobre os desafios sociais investigados ao longo do semestre, dentro do recorte temático de cidades inteligentes. Ele ressaltou que, embora se espere da engenharia respostas rápidas, muitas soluções ainda estão em construção e exigem análise de dados e capacidade de simular cenários. “A ciência está desenvolvendo soluções a partir das orientações, dos estudos com as turmas. A governança está buscando solução, mas como que a comunidade recebe isso”, pontuou, ao mencionar também questões como mobilidade urbana, construção sustentável e transição energética.
Na terça-feira (15), a mesa “Mobilidade Urbana Inteligente: conectando pessoas e oportunidades” abriu os debates com representantes do poder público e da universidade, abordando temas como integração logística, transporte público, e uso de dados para tomada de decisão em políticas urbanas. A tarde também foi marcada pela apresentação de projetos de extensão desenvolvidos pelos estudantes, como bancadas para o ensino de eletricidade, soluções seguras para cozinhas comerciais, dispositivos voltados à agricultura familiar e muito mais.
Já na sexta-feira (18), o foco se voltou para os caminhos da transição energética e o papel das engenharias frente às mudanças climáticas. Especialistas da Celesc, UFSC, LabEEE e do próprio IFSC apresentaram dados técnicos e análises sobre a matriz energética global e o desempenho do Brasil nesse cenário.
Foi destacado que, apesar da matriz energética mundial ainda ser fortemente baseada em combustíveis fósseis, com mais de 70% da energia proveniente de carvão, petróleo e gás natural, o Brasil apresenta um desempenho muito superior à média global: cerca de 49% da matriz energética brasileira é renovável, e mais de 93% da matriz elétrica nacional já vem de fontes limpas, como hídrica, solar, eólica e biomassa.
Santa Catarina também apareceu como destaque nacional no setor. O estado tem o maior consumo de energia per capita do Brasil e é líder na operação de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), com 249 usinas em funcionamento. “É um estado altamente elétrico e sustentável, com uma cadeia produtiva completa voltada ao setor energético, desde o estudo de viabilidade e construção até operação e manutenção”, pontuou um dos palestrantes.
Essas características explicam, por exemplo, a alta demanda energética da região: em 2024, o pico de consumo em SC foi o equivalente a 9 das 10 turbinas de Itaipu operando ao mesmo tempo apenas para abastecer o estado. Em resposta a esse crescimento acelerado, o governo estadual implantou o Programa Energia Boa, viabilizando a conexão de novas usinas e fomentando o desenvolvimento local.
A Celesc também apresentou iniciativas voltadas à mobilidade elétrica. Além disso, foram explicadas as modalidades de comercialização de energia no mercado livre e distribuído, mostrando caminhos para empreendedores e instituições que buscam gerar e vender energia limpa.
Ao final, o evento se consolidou como uma prática de extensão transformadora, reafirmando o papel do IFSC como um espaço de formação crítica, enraizado no território e comprometido com os desafios do presente. Mais do que teoria, a extensão mostrou-se um exercício de escuta, responsabilidade e ação, uma engenharia que não se limita à técnica, mas que se constrói em diálogo com a realidade e com as pessoas.