IFSC instala quarta estação de monitoramento e reforça previsão de eventos climáticos em SC

INOVAÇÃO Data de Publicação: 05 set 2025 08:55 Data de Atualização: 05 set 2025 19:22

O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) concluiu a instalação de quatro estações de monitoramento da qualidade do ar e de condições meteorológicas nas cidades de Florianópolis, Criciúma e Joinville e Chapecó. Elas integram o Laboratório Multiusuário de Clima e Ambiente (LMCA), estrutura pioneira no Brasil voltada à previsão de eventos climáticos extremos. 

O LMCA foi estruturado a partir do projeto Sistema Integrado de Monitoramento e Modelagem Numérica Climatológica e Ambiental para o Estado de Santa Catarina, desenvolvido pelo mestrado profissional em Clima e Meio Ambiente do IFSC. A iniciativa recebeu R$ 2,5 milhões do governo estadual, concedidos pelo Programa Multilab da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc). 

Além das estações, o recurso do edital contemplou também a compra de um sistema de alta performance computacional, com 1024 processadores e 200 TBytes de armazenamento, para executar previsões numéricas de tempo e clima mais rapidamente, o que vai permitir uma melhor análise e execução de modelos numéricos para a previsão e acompanhamento ambiental.

Cada uma das estações reúne dois conjuntos de equipamentos: meteorológicos e de qualidade do ar. O primeiro mede variáveis como vento, pressão atmosférica, precipitação, temperatura e umidade relativa do ar. Já o segundo monitora gases poluentes – dióxido de nitrogênio (NO₂), óxido nítrico (NO), ozônio (O₃) e monóxido de carbono (CO) –, além de material particulado e concentrações de dióxido de enxofre (SO₂) e de dióxido de carbono (CO₂).  Tanto os dados coletados como as simulações numéricas serão úteis para estudos científicos e para o monitoramento e a previsão das instituições operacionais do estado.

O coordenador do laboratório, professor Mário Francisco Leal de Quadro, explica que as estações já estão em funcionamento. “Elas já estão coletando dados, mas ainda não transmitindo, porque falta a finalização da instalação do software que vai receber as informações e armazená-las no banco de dados. A partir das próximas semanas, poderemos visualizar essas medições em tempo real”, explica. Segundo ele, o projeto deve se encerrar entre novembro e dezembro. Até lá, todo o ciclo – coleta de dados, assimilação pelos modelos e geração de previsões – estará disponível em sistema de visualização web.

Todos os dados coletados e processados pelo LMCA ficarão acessíveis em uma plataforma on-line. “Nosso compromisso é que essas informações sejam públicas, abertas tanto para a comunidade científica quanto para a população em geral. O monitoramento será em tempo real, e qualquer pessoa poderá acompanhar. Também vamos disponibilizar diretamente para outros órgãos do estado, que receberão os dados automaticamente em seus bancos de informações”, revela.

Monitoramento além do clima

O diferencial do projeto está justamente na coleta de dados ambientais, conforme destaca Mário. “Santa Catarina já possui uma boa rede de informações meteorológicas, mas a medição da qualidade do ar ainda é muito concentrada no Litoral Sul, principalmente na região de Criciúma. Agora, com novas estações em Florianópolis, ampliamos esse alcance. No restante do estado havia uma grande lacuna, e este projeto vem para preencher essa necessidade”, afirma.

Os resultados também devem apoiar pesquisas e ações de saúde pública, especialmente no combate às arboviroses. O professor lembra que o IFSC já coordena projetos financiados pela Fapesc que investigam a relação entre variáveis climáticas e a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.

“Há uma correlação bastante clara: quando aumentam a precipitação e a temperatura, crescem também os casos de dengue. Já utilizamos técnicas estatísticas para medir isso, mas as estações serão mais uma ferramenta, em conjunto com o sistema de modelagem, para apoiar o controle dessas doenças”, afirma.

Previsão de eventos extremos

Outro destaque do LMCA é o supercomputador instalado no Câmpus Florianópolis, com acesso remoto. Ele será responsável por processar as informações coletadas e rodar simulações numéricas que vão auxiliar na previsão de eventos climáticos extremos e até mesmo nas projeções das mudanças climáticas no estado.

Neste contexto, o professor ressalta o papel do curso técnico em Meteorologia e do programa de mestrado profissional em Clima e Ambiente – este atualmente com inscrições abertas. Criado em 2017, o curso já produziu diversas dissertações acerca de extremos climáticos e seus impactos no território catarinense. “O laboratório é uma ferramental que amplia as possibilidades de estudo, reforçando a capacidade do estado de se preparar para esses desafios”, observa. “Santa Catarina já vem se antecipando nessa questão em comparação com outros estados, e o nosso programa está acompanhando essa evolução tecnológica e se equipando para dar mais condições para os nossos alunos desenvolverem as suas pesquisas”, completa.

Expansão do projeto

O projeto tem caráter interinstitucional e internacional, tendo entre os parceiros: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); a Universidade de São Paulo (USP); a Universidade Federal de Alagoas (UFAL); o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Ciram); o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA); a National Oceanic and Atmospheric Administration dos Estados Unidos (NOAA/US); a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC); e a Defesa Civil Estadual.

No IFSC, o impacto é multicampi e envolve os câmpus Florianópolis, Criciúma, Joinville, Chapecó, Itajaí, São Lourenço do Oeste, entre outros. O Polo de Inovação e a unidade Embrapii de Sistemas Inteligentes de Energia também poderão usufruir das instalações. Segundo o coordenador, a rede já tem previsão de expansão: 

“Fomos contemplados em outro edital da Fapesc para instalar uma estação no Câmpus Itajaí, onde professores do mestrado já atuam conosco. E também estamos concorrendo a novos recursos para ampliar o sistema. A ideia é fortalecer essa rede, essa parceria com os órgãos estaduais, a fim de melhorar os sistemas de monitoramento em todas as mesorregiões catarinenses”, projeta.

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