EVENTOS Data de Publicação: 05 mai 2025 12:22 Data de Atualização: 06 mai 2025 14:18
O Câmpus Florianópolis-Continente do IFSC foi sede na última semana do Fórum da Academia Internacional para o Desenvolvimento da Pesquisa em Turismo no Brasil (Abratur), que reuniu pesquisadores de nove países. O evento foi realizado de 28 de abril a 2 de maio.
Essa foi a maior edição do evento, que é realizado a cada dois anos e chegou à quinta edição. Foram 329 participantes credenciados, dos quais 93 eram estudantes do câmpus. Foram 169 trabalhos apresentados no total, além de atividades como workshops e conferências, além de aulas externas em alguns pontos de Florianópolis.
Coordenador geral do evento, o professor Tiago Savi Mondo, do Câmpus Florianópolis-Continente, conta que esse foi o primeiro evento nacional de pesquisa em turismo que a capital catarinense recebeu.
“A gente pôde mostrar a cidade para os participantes do evento. E para nós, como câmpus, também foi importante pela participação dos nossos estudantes. Permitimos aos nossos estudantes ter contato com os pesquisadores e com um evento científico”, comenta.
Uma das inovações do fórum neste ano foi no formato de apresentação dos trabalhos. Em vez de apresentar slides, os autores tiveram que enviar um vídeo de cinco minutos falando sobre a pesquisa e depois foi aberto debate sobre o tema. “O pessoal gostou. Deu certo”, comemora Tiago. Outras novidades foram o “espaço baby”, para que os participantes pudessem deixar seus filhos com cuidadores enquanto frequentavam as atividades, o “Abratur Recebe”, uma mesa-redonda de 1h30 com os conferencistas internacionais, e as próprias aulas externas.
Uma das conferencistas internacionais foi a professora indonésia Iis Tussyadiah, que leciona na Universidade de Sussex, na Inglaterra, e abordou o uso da inteligência artificial (IA) e de novas tecnologias no turismo. Ela trouxe alguns exemplos sobre como essas ferramentas podem ser usadas para facilitar com que os turistas tomem decisões melhores para o meio ambiente e para elas próprias.
Entre as iniciativas que Iis abordou, estiveram as ferramentas online de busca de voos que trazem a informação sobre a quantidade de gás carbônico emitido pelo avião durante o trajeto. “Isso acaba fazendo parte do processo decisório, junto com o preço e o tempo de duração da viagem. Você facilita para o usuário ter mais responsabilidade na decisão”, explicou.
Ela também comentou sobre buscadores de hospedagem que mostram se a gestão do estabelecimento adota práticas de sustentabilidade e sobre a experiência de um hotel no Japão que usou um robô com inteligência artificial incorporada em um robô para incentivar os hóspedes a economizar água e energia. “Se a pessoa interage com uma IA incorporada, eles têm um comportamento social mais significativo”, disse.
Chatbots podem ser outra ferramenta usada para ajudar os turistas a tomar decisões mais sustentáveis no planejamento de suas viagens. A professora trouxe, no entanto, um debate ético sobre o uso dessas ferramentas no turismo.
“O que queremos fazer é as pessoas tomarem boas decisões para elas, mas as mesmas técnicas podem ser usadas para que elas gastem mais. A inteligência artificial aprende e pode ser bem mais persuasiva. Ela pode tanto melhorar a experiência do usuário quanto manipular suas escolhas”, alertou. Para ela, a inteligência artificial deve ser usada para promover justiça, sustentabilidade e respeito cultural.
O tema sustentabilidade também foi abordado na conferência da professora norte-americana Carolin Lusby, da Universidade Internacional da Flórida, nos Estados Unidos, que falou sobre “Turismo de Baixo Impacto: Estratégias para um Futuro Sustentável”. Para ela, é necessário facilitar para o turista tomar decisões sustentáveis, tanto para enfrentar as mudanças climáticas como para manter o turismo ambientalmente e socialmente sustentável.
Uma das iniciativas que Carolin trouxe como exemplo foi de uma campanha da prefeitura de Miami, nos Estados Unidos, para conscientizar os turistas a adotar comportamentos menos invasivos, como ficarem bêbados em público e adotar comportamentos violentos, respeitando o bem-estar da população local. “Informar ajuda a educar. Temos que ouvir os locais, para que eles também possam se beneficiar do turismo”, disse a professora.
Ainda falando sobre a experiência de Miami, Carolin comentou que a campanha da prefeitura sofreu resistência de estabelecimentos turísticos porque poderia impactar negativamente no número de turistas que visitam a cidade. “É a indústria, são os grandes ‘players’ que precisam mudar. Tem que mudar o sistema”, defendeu. Para ela, a tecnologia pode ser uma aliada dessa mudança ao tornar o turismo mais previsível, gerando dados sobre o influxo de turistas nos destinos.
Poder participar do Fórum Abratur foi uma experiência positiva para a estudante Simone Menezes de Paula, da terceira fase do curso superior de tecnologia em Hotelaria do Câmpus Florianópolis-Continente. “Pude ver algumas iniciativas de uso da tecnologia na hotelaria e isso abriu novas ideias pra mim, para o que eu posso trabalhar e para meu trabalho de conclusão de curso”, afirma.
Também estudante do câmpus, Ana Luisa Ordones Ramos, da quinta fase do curso superior de tecnologia em Gastronomia, participou pela primeira vez do fórum e gostou da experiência. “Conheci coisas novas e pude saber mais sobre como a gastronomia liga-se com o turismo”, diz.
O Fórum Abratur 2025 teve apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).