Evento no Câmpus Florianópolis-Continente celebra Dia Mundial da Gastronomia Sustentável

EVENTOS Data de Publicação: 18 jun 2025 15:06 Data de Atualização: 19 jun 2025 07:29

Para celebrar o Dia Mundial da Gastronomia Sustentável, o grupo de pesquisa Núcleo de Estudos em Gastronomia do Câmpus Florianópolis-Continente do IFSC (NEG) promoveu atividades na terça-feira, 17 de junho. Entre os temas abordados, na palestra de abertura do evento, esteve o uso de produtos locais no restaurante de um hotel de Blumenau.

O Dia Mundial da Gastronomia Sustentável, 18 de junho, foi criado em 2016 pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), como forma de reconhecer a gastronomia como uma expressão cultural relacionada à diversidade natural e cultural do mundo. As atividades são promovidas pelo órgão da ONU para a educação, a ciência e a cultura, a Unesco. 

O palestrante da abertura foi o chef da cozinha do hotel Villa do Vale, Bruno Demiciano, que é formado em 2018 no curso superior de tecnologia em Gastronomia e está concluindo a especialização em Cultura e Sociobiodiversidade na Gastronomia, ambos do Câmpus Florianópolis-Continente. 

O restaurante do hotel em que Bruno é chef tem buscado usar ingredientes típicos ou comuns na região de Blumenau - como a linguiça que leva o nome da cidade e queijos produzidos na vizinha Pomerode - e de Santa Catarina em geral, incluindo o araçá-vermelho, o butiá-verde, a goiaba-serrana e a uvaia, entre outros. 

Um dos exemplos que ele mostrou foi a curiosa combinação de polvo com purê de pinhão. O chef levou alguns alimentos produzidos no hotel - como bolos, pães e cucas - para servir ao público da palestra durante o coffee-break.

Essa iniciativa tem ajudado o restaurante a diferenciar-se no mercado local, mas também tem encontrado algumas dificuldades, como a logística e a falta de uma estrutura profissional entre os produtores. “Nada entra no hotel sem ter nota fiscal e muitas vezes os produtores não têm esse nível de profissionalização”, disse.

Para Bruno, usar produtos locais é uma forma de valorizar não só a biodiversidade catarinense, mas também as pessoas da região. “É sempre bom relembrar que o ‘sócio’ [de sociobiodiversidade] vem de pessoas, povos, culturas, tradições. Na sociobiodiversidade, se não existir pessoas, pra mim não faz sentido. Gerar empregos, gerar valor para aquela região, aí para mim faz sentido”, opinou.

Como egresso e ainda estudante do Câmpus Florianópolis-Continente, Bruno Demiciano disse que o IFSC “faz bem o trabalho de valorizar o uso de ingredientes locais nos cursos”.

O chef também explicou para os estudantes do curso superior de tecnologia em Hotelaria presentes à abertura sobre como o hotel organiza suas equipes de cozinha para atender café da manhã, almoço, café da tarde e serviço de quarto. O hotel tem 35 funcionários e, de acordo com Bruno, ter os processos bem definidos é fundamental para que o atendimento funcione bem.

Importância do dia

Na abertura do evento, a professora Fabiana Mortimer Amaral, coordenadora do NEG, comentou que valorizar a sociobiodiversidade é preferir “especificamente aqueles produtos que têm relação direta com o meio ambiente e com a manutenção dos nossos ecossistemas e com a nossa diversidade”. Ela lembrou que Florianópolis faz parte do programa Rede de Cidades Criativas, da Unesco, e que por isso, “temos ainda uma missão maior de sermos criativos com os insumos que são brasileiros”. A capital catarinense tem, ainda, o papel de incentivar que outras cidades tenham propósitos criativos com os insumos da biodiversidade brasileira.

A Rede de Cidades Criativas foi criada em 2004 para promover a cooperação entre cidades que identificaram a criatividade como um fator estratégico para o desenvolvimento urbano sustentável. As 350 cidades ao redor do mundo que atualmente compõem esta rede devem trabalhar juntas em prol de um objetivo comum: colocar a criatividade e as indústrias culturais no centro de seus planos de desenvolvimento em nível local e cooperar ativamente em nível internacional.

Representante da Rede Cidades Criativas da Unesco em Florianópolis, Marcus Rocha destacou na abertura do evento que o conceito da sustentabilidade equilibra as dimensões econômica, social e ambiental. Para ele, a cidade deve buscar se promover como um local único, diferente dos demais. 

“Com a globalização, a gente teve um efeito colateral, das redes, seja de restaurantes, de vestuário, que quer que seja.., Você viaja para outras cidades fora do Brasil, e você encontra as mesmas coisas que encontra aqui. Não existe nada mais chato, não é verdade? Então, um efeito colateral bom que a Unesco quer criar no município é, por meio deste programa, escolher, num campo criativo líder, não é o único, que a cidade seja única, promovendo, por meio da sua economia criativa, atrativos. No nosso caso [de Florianópolis], escolhemos a gastronomia”, explicou.

A programação do Dia da Gastronomia Sustentável no Câmpus Florianópolis-Continente teve, ainda, outras palestras e mostra gastronômica com produtos da Mata Atlântica.

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