Xadrez no JIFSC: um único esporte, diversos desafios

JIFSC Data de Publicação: 30 out 2024 19:36 Data de Atualização: 30 out 2024 21:06

No JIFSC 2024, a competição de Xadrez realizada na quarta-feira (30) reuniu 57 jogadores, 31 meninos e 26 meninas dos cursos do ensino médio técnico do IFSC. Entre tantos competidores, várias histórias diferentes que trouxeram cada um até a competição. Conheça algumas delas:

Superdotação e o interesse pelo Xadrez

O estudante Thiago Carvalho da Silva tem apenas 13 anos e já está no segundo semestre do curso técnico integrado em Mecânica no Câmpus Itajaí. Ele foi diagnosticado com altas habilidades e superdotação ainda na educação infantil, pois aprendeu a ler e escrever com quatro anos de idade.

Sempre estudando em escola pública e com o apoio de uma professora que o acompanhava, Thiago foi fazendo testes e passando de série na Escola Básica Professor Martinho Gervasi, em Itajaí. No oitavo ano do ensino fundamental, ganhou uma bolsa de estudos em uma escola particular, mas não se adaptou, voltando para a escola pública para concluir o nono ano. Ao final do ensino fundamental, fez a prova e ingressou no IFSC, com apenas 12 anos.

O xadrez entrou na vida de Thiago durante a pandemia. Em 2021, as atividades de Educação Física não podiam ser realizadas de modo tradicional. Ele estava no sexto ano do ensino fundamental e foi apresentado ao xadrez: com o novo desafio, Thiago passou a estudar o esporte, além do que aprendia em sala de aula, e foi se aprimorando, com a ajuda da internet e programas de computador.

Ainda em 2021, Thiago participou dos Jogos Escolares da Rede Municipal de Ensino de Itajaí e ficou em primeiro lugar. Em 2022 ele entrou para a equipe da Fundação Municipal de Esporte de Itajaí e passou a se dedicar ainda mais ao esporte. "Hoje estou aí, treinando. Eu ganho bolsa, disputo campeonatos fora, estou aí nesse nível de xadrez". Na competição em Blumenau, ficou com a sétima colocação. 

Thiago conta que está contente com o IFSC pois, além das disciplinas tradicionais do Ensino Médio, pode cursar as disciplinas técnicas. "Eu gosto de desafio e de sempre ter uma coisa nova para aprender. Eu tenho facilidade em aprender e sempre tento aprender o conteúdo à frente e me aprofundar". Para ele, "Além do nível dos professores ser muito mais alto, eles conseguem abordar o conteúdo de uma forma melhor".

No IFSC, Thiago conta com o apoio do Núcleo de Atendimento Especializado (NAEs). "Eles estão me trazendo ideias muito interessantes, projetos para eu participar, para me desafiar, então está sendo muito bom. Eles também conseguem falar com o professor para eu mudar de turma quando eu já sei tudo de uma matéria. É muito bom o atendimento do NAE, me traz oportunidades muito grandes", conta Thiago, que já está cursando algumas disciplinas dos cursos superiores do Câmpus Itajaí. 

Aluno do Câmpus Palhoça Bilíngue teve apoio dos amigos para começar no esporte

O estudante do segundo ano do curso técnico integrado em Comunicação Visual do Câmpus Palhoça Bilíngue, Vitor Hugo Brum Ribeiro, 17 anos, foi o único surdo a competir no Xadrez no JIFSC. Durante toda a competição, contou com o apoio dos intérpretes de Libras do IFSC e com a torcida da equipe do câmpus.

Ele aprendeu a jogar em 2023, por incentivo dos amigos, e conta que estudou e treinou bastante para vir a Blumenau, em sua primeira competição, porém, achou alto o nível técnico dos competidores e ficou um pouco nervoso. "No começo eu estava gostando, mas não achei que seria tão difícil", afirma. Na última partida, Vitor competiu com o colega de câmpus, Mateus Scain da Silva.

Vitor é natural do Rio Grande do Sul e estava procurando uma escola para cursar o Ensino Médio. Por indicação de um amigo que se mudou para Santa Catarina, conheceu o Câmpus Palhoça Bilíngue e convenceu os pais a se mudarem para Palhoça. Primeiro, ele veio com o pai e depois, a mãe também se mudou.

Sobre o curso, conta que está bem adaptado. "Estou progredindo bastante, estou mais animado. Me adaptei à estratégia de ensino visual". Sobre o xadrez, afirma: "só comecei a participar porque os meus amigos surdos me incentivaram. Sozinho eu não conseguiria".

Clube de Xadrez vai muito além da competição

O Clube de Xadrez do Câmpus Araranguá já conquistou várias medalhas no JIFSC. Este ano, trouxe quatro competidores e levou um primeiro lugar: a estudante Laiane Mascarello Coutinho, 18 anos, do curso técnico integrado em Produção de Moda, que competiu pela primeira vez no JIFSC. "Eu vim dar o meu melhor, mas não esperava chegar até aqui", conta. Ela joga xadrez no IFSC desde 2022, mas em 2023 não conseguiu se classificar. Este é seu primeiro e último JIFSC, pois terminará o curso no final do ano.

O coordenador do Clube de Xadrez do Câmpus Araranguá, o professor Fernando Henrique Faustini Zarth, afirma que muito mais do que ganhar medalhas, o importante do xadrez é a confraternização entre os estudantes. No JIFSC, cada competidor joga seis partidas, sendo o vencedor definido por pontos, o que permite que todos joguem e conheçam os colegas dos outros câmpus. "Buscamos algo além do resultado. Os jogos têm um clima agradável, é um ambiente bacana e eles se divertem", afirma.

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