EXTENSÃO Data de Publicação: 16 mai 2025 11:40 Data de Atualização: 30 mai 2025 20:03
Enxadrista Isabela Salomé Bremm foi vice-campeã da categoria Sub-14 no 1º Torneio Aberto do Brasil. Foto: Acervo pessoal
Rotina de preparação da jovem atleta inclui análise de partidas, exercícios com aplicativos, treinos on-line e duelos com amigos. Foto Acervo: pessoal
Além da paixão pelo xadrez, Isabela pretende estudar Medicina para atuar na área de neurocirurgia pediátrica. Foto Acervo: pessoal
A estudante frequenta o clube de xadrez do Câmpus Garopaba há dois anos. Foto: Acervo pessoal
Aberto à comunidade externa, o projeto ensina o xadrez como ferramenta educacional, promove torneios e incentiva a pesquisa. Foto: Acervo pessoal
A estudante Isabela Salomé Bremm, de 12 anos, integrante do clube de xadrez do Câmpus Garopaba, conquistou o 2º lugar na categoria sub-14 no 1º Torneio Aberto do Brasil, realizado entre os dias 1º e 4 de maio em Cidreira, no Rio Grande do Sul. A competição nacional reuniu mais de 100 enxadristas de diversas idades e estados.
“Foi bem complicado, todos os meus adversários eram mais velhos; e as partidas, bem cansativas. Superei minhas expectativas. O que mais me marcou foi uma frase do meu professor: ‘Não desanime com as derrotas, leve os empates como vitórias e as vitórias com humildade’”, contou Isabela, emocionada com o resultado.
Representando o município de Garopaba, onde também faz parte do programa Bolsa Atleta, esta foi a primeira participação da estudante em um evento dessa magnitude. Na disputa, Isabela precisou manter a calma e o foco em partidas que duravam quase três horas e contra jogadores que – em alguns casos – tinham quatro vezes a sua idade. “Ela foi uma guerreira. Achei que iria desistir, mas seguiu firme até o fim”, conta, orgulhosa, a mãe Priscila Salomé.
Em um torneio aberto de xadrez, qualquer pessoa, independentemente do nível de habilidade ou experiência, pode participar. A classificação de Isabela veio da pontuação acumulada ao longo das rodadas, já que o campeonato era misto em termos de idade. Mesmo enfrentando adversários mais velhos, ela garantiu o pódio na sua faixa etária.
Tática nos tabuleiros e inspiração na Medicina
Bela, como é chamada pela família, começou no xadrez aos nove anos, incentivada pela mãe e pelo interesse por matemática. Desde 2023, ela integra o clube de xadrez do IFSC, coordenado pelo professor Mauro Lourençatto e criado para fomentar o esporte como prática pedagógica e de integração com a comunidade. “Esse treino é o compromisso que mais espero ao longo da semana, isso me anima sempre!”, diz a estudante.
A preparação da jovem atleta inclui análise de partidas, exercícios táticos em aplicativos, treinos on-line e duelos frequentes com dois grandes amigos: Pietro e Kauan (que estuda no IFSC). No entanto, ela atribui grande parte do seu êxito ao suporte técnico do professor Alejandro Orlando, que acompanha de perto seu desempenho e traça estratégias personalizadas para seu desenvolvimento.
Além da paixão pelo xadrez, Isabela tem um grande sonho: ser neurocirurgiã pediátrica. Primogênita de quatro filhos, Bela escolheu a Medicina a partir da convivência com os irmãos gêmeos, de oito anos. Segundo revela a mãe, um deles foi diagnosticado com autismo, e o outro tem paralisia cerebral em decorrência do parto prematuro extremo, ocorrido na 26ª semana de gestação. “Ela me acompanha até hoje em todas as consultas e vê as nossas dificuldades. Então, desde pequenininha ela tem esse desejo de seguir profissão na área de neurologia, pois percebe a falta desses profissionais. Cresceu com essa vontade de ajudar crianças como os irmãos”, explica a mãe.
Com dois torneios estaduais pela frente e o desejo de participar de uma competição internacional no Brasil, Isabela e sua família agora buscam patrocinadores para seguir competindo em alto nível. Apesar de algumas barreiras, a atleta incentiva quem quer se aventurar nos tabuleiros: “Parece entediante no começo, mas é um esporte incrível. Tem muitas possibilidades. Tentem. Não desistam logo de cara. Até eu tenho minhas decaídas às vezes, mas, se eu tivesse desistido, não estaria onde estou hoje”.
O clube de xadrez do IFSC Garopaba
O clube de xadrez do IFSC Garopaba foi criado oficialmente em 2023, como evolução das oficinas iniciadas em 2016, quando os jogos eram disputados na biblioteca do câmpus. Aberto à comunidade interna e externa, a iniciativa busca ensinar o jogo como ferramenta educacional, promover torneios e incentivar a pesquisa sobre o esporte.
No projeto, os participantes têm a oportunidade de conhecer a história do esporte, aprender sobre táticas e estratégias, sistemas de competições, plataformas digitais e aplicativos para a prática, além de metodologias de ensino do jogo. A atividade promove o intercâmbio com outros clubes ou grupos de xadrez e estimula a participação em eventos e exposições.
Com cerca de 10 participantes ativos atualmente, o clube também apoia ações em escolas públicas da região. “O xadrez ajuda no autoconhecimento, na concentração e na resiliência. Isso porque você pode sair perdendo, cometer um erro e ficar lamentando e ser devorado pelo adversário pouco a pouco. Ou você pode tentar se superar naquela dificuldade, naquele erro que cometeu, e lutar, lutar até conseguir de novo, virar o jogo”, destaca o professor Mauro Lourençatto, que coordena o projeto e é entusiasta do esporte desde a infância.
A participação de Isabela no torneio disputado no Rio Grande do Sul contou com o apoio da Secretaria de Turismo, Esporte e Desenvolvimento de Garopaba e também com a contribuição do IFSC, que cedeu os relógios oficiais usados nas partidas.
Para participar do clube de xadrez do Câmpus de Garopaba, os interessados devem estar cursando a partir do sexto ano do ensino fundamental. Os encontros ocorrem às quintas-feiras, das 17h30 às 19h, na Sala B 102 (sala multidisciplinar). Mais informações pelo telefone (48) 99940-0198.