IFSC promove oficinas sobre extração de carragena e suas aplicações em nanotecnologia e saúde pública

INSTITUCIONAL Data de Publicação: 05 set 2025 16:20 Data de Atualização: 05 set 2025 16:36

Na última sexta-feira, 22 de agosto, o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) – Campus Florianópolis realizou oficinas voltadas para a capacitação de produtores e profissionais do setor de algicultura, com foco na extração da carragena a partir da alga Kappaphycus alvarezii (KA) e em suas aplicações inovadoras, incluindo nanotecnologia e saúde pública.

O evento ocorreu no auditório de Química e Biologia e no Laboratório de Química Orgânica do DALTEC, com duração de aproximadamente duas horas. Ao todo, 20 participantes estiveram presentes, entre eles algicultores, maricultores, empreendedores, empresários do setor gastronômico, alunos da Engenharia de Aquicultura, mestrandos e doutorandos da UFSC, além de extensionistas da EPAGRI.

As oficinas foram divididas em duas etapas:

- Apresentação teórica, abordando a importância da carragena e suas aplicações em nanotecnologia, como no revestimento de nanopartículas para uso em nanomedicina e tratamentos oncológicos;
- Prática laboratorial, na qual os participantes aprenderam técnicas de extração e isolamento do polímero carragena a partir das algas KA.

O evento integrou a programação do X Seminário Técnico em Comemoração ao Dia do Maricultor, celebrado em 18 de agosto, fortalecendo a integração entre pesquisa, extensão e o setor produtivo.

Está matéria também está disponível em áudio no IFSC em Pauta:


A ação faz parte do Projeto de Extensão “Visibilidade e aplicabilidade de carragenana extraída da alga Kappaphycus alvarezii produzida em Florianópolis para difusão de saberes técnicos para algicultores da região”, aprovado pelo Edital PROEX 01/2025. A iniciativa é fruto de uma parceria com a Associação de Maricultores do Sul da Ilha (AMASI) e busca fortalecer a cadeia produtiva das macroalgas em Santa Catarina, promovendo sustentabilidade, inovação tecnológica e geração de renda.

A equipe do projeto contou com a participação dos professores Marcel Piovesan (coordenador), Tula Beck Bisol e Alexandre D’Agostini Zottis (orientadores), além dos extensionistas Júlia Silva Baldin Costa, Luan Baptista Closel, Mundo Park e Ruan Moreira de Sá Sant’Anna, alunos das fases finais do Curso Técnico Integrado em Química do IFSC.

De acordo com o professor Marcel Piovesan, o projeto nasceu da necessidade de valorizar a produção local das algas marinhas, aproximando a ciência da realidade vivida pelos agricultores e maricultores. “Nosso objetivo foi ampliar a visibilidade e aplicabilidade da carragenana, polissacarídeo de grande interesse industrial, e mostrar como se dá esse processo em escala industrial. Muitos produtores comercializam a alga apenas de forma bruta ou líquida, sem explorar todo o potencial da biomassa. Nas oficinas, eles puderam realizar a extração completa da carragenana, desde a higienização até a obtenção do produto sólido, além de conhecer suas diferentes aplicações industriais e biomédicas.”

Segundo o professor, a carragenana está presente no cotidiano em produtos como iogurtes, queijos, sorvetes, molhos prontos e até cosméticos, funcionando como espessante e estabilizante natural. Além do setor alimentício, o polímero vem ganhando espaço na indústria farmacêutica e em pesquisas biomédicas, com destaque para estudos em nanotecnologia e tratamento de câncer, por meio de revestimentos poliméricos que auxiliam na liberação controlada de medicamentos.

Piovesan também ressaltou a importância de dar destino mais nobre ao resíduo sólido da alga, hoje usado principalmente como fertilizante ou ração animal: “Queremos mostrar que tanto a fração líquida quanto a sólida têm valor agregado e podem gerar inovação tecnológica e novas cadeias produtivas em Santa Catarina.”

O coordenador lembrou ainda que o IFSC já acumula experiência em pesquisas com macroalgas e que esta é a primeira vez que o grupo de Química atua em colaboração com outro departamento, unindo esforços em projetos financiados pela FAPESC e voltados à proteção radiológica e à produção de nanocompostos. “É um projeto de extensão que aproxima produtores da ciência, mostrando como a indústria trabalha com essa matéria-prima. Buscamos não apenas gerar conhecimento técnico, mas também fortalecer a cadeia produtiva local e abrir possibilidades de inovação em parceria com a comunidade.”


 

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